O Patriarca Requião em nova versão.via grupog23 de Grupo G23 em 15/09/08
O Patriarca Requião.
Embora seja o primeiro dos Requião a chegar ao Paraná, Luiz Antônio Requião, o patriarca, cuja vida, em alguns aspectos continua nebulosa, é o motivo principal quer tenho para elaboração desse artigo. Lançar alguma luz.Luiz Antônio é o bisavô do Governador Roberto Requião pela linha materna. Pai, portanto, de Euclides Requião, avô pela linha materna, do Governador.Dele não se conhece imagem. Ele era um Abraão, um homem que deixou tudo, e veio para a “Terra Prometida”, o Paraná, embora, não por uma promessa de Deus, mas a serviço da Igreja e do Imperador Dom Pedro II. Era natural da Bahia. Assumiu o Posto de Inspetor Geral de Rendas Publicas do Governo Imperial, algo como Coletor de Impostos, tomando posse, conforme documento original, em 17 de Junho de 1849, na nossa, então, 5a Comarca de São Paulo. Embora haja uma insegurança nessa data, que pela grafia do documento, tanto pode ser 1849 ou 1879, e trinta anos fazem diferença. Fazem diferença porque a primeira diz respeito ao período histórico anterior a emancipação do Paraná e a segunda é posterior, embora ambas, ainda no período imperial. Advogo que seja a primeira, pois tendo casado em 1861 haveria, Luiz Antônio, de estar empregado e seguro. Nunca pude saber se veio ao Paraná, em nome da Igreja, ou se veio assumir o tal cargo do Império.Um número considerável de documentos assinados por ele, existentes no Arquivo Público do Paraná, sugerem que ele informava as estatísticas da Comarca, dando ciência ao imperador, ou aos seus servidores mais graduados, e coletava os impostos. Se tomarmos como exatos os numero que nos trazem as anotações do historiador Romário Martins, podemos aquilatar a importância que haveria de ter tal cidadão. O Paraná todo, possuía então, (1858) 69.380 (sessenta e nove mil e trezentos e oitenta) habitantes e inexistia estrada transitável por rodas. A região de Curitiba tinha cerca de 6000 almas, e nesse contexto, um Coletor Imperial haveria de ter sua importância social.
Desde 1811, com a atuação de Pedro Joaquim Correia de Sá, o Paraná ansiava pela emancipação. Embora houvesse outros movimentos emancipatorios, como o de Bento Viana em 1821, ou a Revolução Liberal de 1842, foi mesmo no Senado Imperial, que se resolveu a emancipação de nosso Estado. Não seria temerário afirmar, que desses informes e impostos transferidos, por Luiz Antônio Requião, algo de positivo possa ter tido peso e influência na questão da emancipação, que foi como já disse, ato eminentemente político, liberando, ao menos administrativamente, o nosso estado, do seu vizinho São Paulo. Embora a emancipação política de nosso estado tenha ocorrido em 1853, sob o ponto de vista econômico, nosso estado continua sendo sugado, pelo estado vizinho, que faz o papel de um mini EUA, dentro do Brasil. Os paranaenses não parecem ter perfeita consciência desse fenômeno, que faz e mantém o Paraná um escravo do estado vizinho.Antiga tradição familiar nos conta, porém, que ao chegar ao Paraná, Luiz Antônio, era ainda um “Formigão”, um seminarista que portava o habito religioso carmelita sem ter feito, no entanto, seus votos permanentes. O uso de seminaristas no serviço do Império era algo comum, pois esses eram primorosamente alfabetizados, conheciam o latim, contabilidade, e humanidades, além, é claro, de noções do direito Eclesial e Civil. Alguns padres tiveram vida notável na política do Paraná como, por Exemplo, o Pe. Francisco Chagas Lima, e, na verdade, em todo o Brasil. Luiz Antônio, diferentemente, não fez carreira sacerdotal, casando-se, como já dissemos, em 1861 com uma das filhas de Cândido Martins Lopes, fundador de nosso primeiro jornal.Cláudio Veiga, atual presidente da Academia Baiana de Letras, em recente livro sobre a vida do deputado e empresário da imprensa baiana, Altamirano Requião, o emérito fundador e proprietário do prestigiado jornal baiano “Diário de Noticias”; relatando um pouco de seus familiares e antepassados baianos que se espalharam pelo Brasil, nos dá algumas pistas sobre a localidade de origem de Luiz Antônio Requião. Município de Cachoeira, na Bahia, seria o seu verdadeiro berço.Sabemos, pela “Genealogia Paranaense”, de Francisco Negrão, que era filho de seu homônimo, Luiz Antônio Requião e Constância Maria Dias, ambos baianos. Casou-se em 31 Agosto de 1861, em Curitiba, com a jovem Gertrudes da Silva Lopes, ela era natural do Rio e uma (a quarta) entre os dez filhos de Cândido Martins Lopes. Cândido tipografo, jornalista, Juiz de Paz, e chefe de policia, era o prestigiado fundador do primeiro jornal do Paraná emancipado: “O Dezenove de Dezembro”. Gertrudes Lopes, agora senhora Luiz Antônio Requião, era pianista. Pequenina, um dos seus sapatos, guardado pela família, é quase um sapato de criança, embora tenha tido ela, grande vigor e muitos filhos.Seus oito filhos:(1) Edmundo Requião, nascido em 9 de Agosto de 1862 e casado com Francisca Leal Requião em 24 de Dezembro de 1887. Foi comerciante em Paranaguá e Foz do Iguaçu. (paira sobre ele se era ou não militar, (Major telegrafísta), pois seu nome esta ligado a história da fundação da cidade de Prudentópolis e da Vila Militar de Foz do Iguaçu). Seu nome é encontrado também na ata de fundação da Santa Casa de Misericórdia em Curitiba, e na história dos primórdios de Foz do Iguaçu. Francisco Negrão, no entanto, em obra de 1934, o apresenta como prospero comerciante em Foz e Paranaguá.Tiveram três filhos.(2) Virgílio Requião casado com Rosa Gonçalves Guimarães Requião. Virgílio Requião era homem tão forte que estourava uma maçã, apenas apertando-a com a mão.(3) Constança Requião, falecida em 1881.(4) Getúlio Requião, casado com Cândida Pereira Requião.(5) Euclides (Lopes) Requião (Avô Materno do Governador) casado em 26 de Dezembro de 1900, em Guarapuava com Cristhiana Keinert. Teve próspero comercio em Curitiba, gráfica em Guarapuava e Hotel em Prudentópolis. Faz parte, com Lívio Moreira, e outros, dos históricos fundadores da Radio Clube Paranaense, a primeira radio do Estado. Tiveram oito filhos.(6) Aníbal Requião (Patrono do Cinema no Paraná, fundador do Cine Smart) casado em 15 de Junho de 1897 com Carolina Correia Requião ela filha do Comendador Prisciliano Correia. Aníbal foi o autor das primeiras imagens cinematográficas das Cataratas do Iguaçu e Sete Quedas, fundador das Papelarias Requião, da Livraria Econômica, da Casa Vítrix, e do primeiro cinema do Paraná, que era, seis anos anterior ao célebre cinema de Francisco Serrador.Tiveram três filhos.(7) Judith Requião, solteira.(8) Esther Requião Von Meien ( a garota que recebeu Dom Pedro II em 1880, conforme registrou a imprensa, e o acompanhou em sua carruagem do Caminho da Graciosa ao Palácio Avenida ( Rua das Flores com Rua da Liberdade) que era a sede do Governo); ela viúva de Artur von Meien. Fundaram, em Curitiba a Casa Cristal.Tiveram oito filhos.
Desses oito filhos de Luiz Antônio Requião, e netos, obviamente, descendem, praticamente todos os Requião do Paraná.
Wallace Requião de Mello e Silva.