Rafael Frazão (Franz+ão) foi o primeiro engenheiro de produção a assumir a direção da Petrobras na Amazônia. É natural de Salvador - Baía, descendente de italianos, casado, três filhos (um carioca, um paraense e uma amazonense, naturalidades que identificam algumas das regiões por onde trabalhou na Petrobras).
Em 1958, quando tinha cinco anos, mudou-se para Niterói com os pais. Nesta cidade fez o curso primário no Grupo Escolar Joaquim Távora; o secundário no Colégio Salesiano Santa Rosa; e o superior na Universidade Federal Fluminense, onde se formou em Engenharia Civil, em 17 de dezembro de 1974.
Em 2 de janeiro de 1975, foi admitido na Petrobras, logo fazendo o curso de Engenharia de Petróleo até maio de 1976, no Setor de Ensino da Bahia (SENBa). Nesse período, estagiou nos poços da Bacia de Campos, no navio-sonda Petrobras II e na plataforma Penrod 62, no Rio de Janeiro, e nos poços terrestres de Catu, Candeias, Mataripe, na Baía. Em maio de 1976, foi para os campos terrestres de Miranga e Araçás.
Especializou-se em Engenharia de Produção de Petróleo e ficou trabalhando na Baía. Diz ele: “Escolhi trabalhar na minha terra por ser, naquele tempo, a maior escola de petróleo do Brasil, quase todos os técnicos da Petrobras tinham que passar obrigatoriamente por ela. Hoje, a grande escola é a bacia de Campos”.
A partir de maio de 1977, participou da Força Tarefa, baseada em Salvador, criada para dar assistência profissional à Bacia de Campos que se desenvolvia rapidamente.
Em 1979, já com experiência em engenharia de produção de petróleo – especialidade esta carente na Petrobras, principalmente no mar - foi chamado para trabalhar no escritório do Rio de Janeiro para acompanhar as operações de completação dos poços da Plataforma Continental, desde o litoral da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, até a Bacia de Potiguar, no Rio Grande do Norte.
Em 1981, o diretor do Departamento de Produção (DEPRO), Engenheiro Orfila Lima dos Santos, indicou-o para instalar e dirigir o Setor de Operações da área Norte (SETAN), com sede em Manaus, Estado do Amazonas, ligado à Divisão de Completação, Restauração e Estimulação de Poços (DICRES), no Rio de Janeiro. Contudo, meses depois, relata as dificuldades da capital amazonense¹ comparando-as com as facilidades da capital paraense, Belém, sugerindo à direção do DEPRO que a base do SETAN fosse transferida para a segunda capital.
A partir de 1982, o SETAN passou a funcionar em Belém, Estado do Pará, na Base do Tapanã. Formando-se, assim, o embrião da história da futura região de produção da Petrobras na Amazônia.
Em 1986, Frazão foi transferido para o Rio de Janeiro e o poder de decisão do SETAN foi para Natal, Rio Grande do Norte. Meses depois deste mesmo ano, retornou a Belém para implantar e dirigir a Coordenadoria de Produção da área Norte (COPAN) ligada diretamente à Superintendência do DEPRO².
Em 1988, com o aumento sucessivo da produção de petróleo no campo de Urucu e adjacências, foram criados com base em Manaus mais dois distritos, além do DENOC já existente: o Distrito de Produção da Amazônia (DIAM), do qual foi superintendente, e o Distrito de Perfuração da Amazônia (DPAM), dirigido por Rafael Dória. Em Belém, a COPAN foi extinta e o DPAZ transformou-se em Coordenação de Apoio Terrestre (CAT).
Permaneceu como Superintendente de Produção da Amazônia até julho de 1992, tendo neste período implantado as bases de um trabalho de proteção ambiental hoje reconhecido em toda a Petrobras. Convênios com instituições de pesquisas, contratação de especialistas, programas de reflorestamento e recuperação de áreas foram ações que fazem hoje da Província do Rio Urucu, isolada no meio da Floresta Amazônica, a pioneira em gestão ambiental no Brasil.
Em julho de 1992, Rafael foi transferido para Natal para dirigir a Região de Produção do Nordeste Setentrional (RPNS). Naquela Unidade, a segunda maior produtora de petróleo do país, ajudou a consolidar importante trabalho de qualidade empresarial, atingindo no ano de 1993 a maior pontuação da Companhia segundo os critérios do Prêmio Nacional da Qualidade.
Em 1995, foi para a Região de Produção da Bahia, em Salvador, onde permaneceu até agosto de 1999, como responsável pela produção de petróleo nos campos mais antigos da Petrobras.
Em agosto de 1999, retornou a Belém como Gerente Geral da Unidade de Exploração e Produção da Amazônia - EP-AM, contribuindo para a transformação e consolidação da mesma como a 3ª maior produtora de petróleo e a 2ª maior produtora de gás natural do Brasil.
No ano 2000, com o desmembramento das atividades de E&P na Amazônia e a estruturação das Unidades de Negócio da Petrobras, transferiu-se para Manaus onde assumiu a UN-BSOL, responsável pela produção de petróleo nas bacias do Solimões, Amazonas e Acre.
Com muito empenho, conseguiu para todos os colaboradores transferidos para esta nova Unidade uma vantagem diferencial, o auxílio permanência com valor fixo em Manaus por 8 anos, adicionalmente às vantagens normais como auxílio residência, instalação, ajuda de custo complementar, etc.
Com sua visão inovadora, compatível com o atual cenário da indústria do petróleo no Brasil, exerce hoje a liderança necessária para que a Companhia alcance bons resultados empresariais e sociais, consolidando na Amazônia o papel da Petrobras como empresa cidadã.
Muito importante na vida profissional do engenheiro Schettini foi o fato de que quando ainda fazia o curso para ingressar no quadro de Engenheiros de Petróleo da Petrobras. Ele relutava em permanecer nesta empresa ou em exercer engenharia civil, campo que já tinha emprego garantido com bom salário. Em conversa com Rolf Janke, engenheiro que deu a partida na primeira Unidade de Destilação Atmosférica da Petrobras, na RLAM em 1950, o mesmo lhe disse: “Se você pensa assim, saia da Petrobras; porém se quiser ficar na Petrobras vá para perto do seu produto, quanto mais perto você estiver dele mais chances terá de crescer dentro da Petrobras”.
Características pessoais
Homem sereno, sincero, católico, acredita no destino. Nunca fumou. Gosta de vinho, cinema e praia. Adora o Flamengo. Deixou de jogar tênis por motivos de saúde.
Tem bom relacionamento com os trabalhadores e com o sindicato, o que o faz benquisto entre os petroleiros e respeitado pelos colegas de profissão.
Defende que todos os trabalhadores, sem exceção, devem ter as mesmas oportunidades de crescimento profissional e que estas chances só podem ser encontradas quando procuradas realmente.
Vê a Petrobras como uma empresa fruto da aspiração nacional. Sempre acreditou na Amazônia como uma grande região produtora.
Em conversa, tem-se a impressão de que em suas artérias corre petróleo em vez de sangue, tal é o seu entusiasmo pelo crescimento da Petrobras e a dedicação à sua profissão.
Atividades ambientais
Um dos pontos mais importantes, talvez o que tenha sido fundamental para que a atividade de produção de petróleo na Amazônia tivesse hoje um destaque nacional, sendo mesmo exemplar nos aspectos de segurança e cuidados ambientais, foi a participação da sociedade belenense desde o início do empreendimento.
Com a descoberta do campo de URUCU, através do pioneiro 1-RUC-1-AM, com vazão de teste da ordem de 1.000 bbl/dia e a confirmação através dos primeiros poços de delimitação de que se tratava de uma importante acumulação, foram traçadas as diretrizes para implantação do projeto de produção.
Na elaboração destas diretrizes é que a Petrobras teve a clarividência de convocar a sociedade local para participar, através dos organismos da Amazônia de reconhecido conhecimento sobre a região. Participaram o Museu Emílio Goeldi, Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas, Fundação Nacional de Saúde, dentre outras...
Desde aquela ocasião até hoje, a Petrobras tem mantido convênios com estas entidades, as quais são consideradas parceiras.
Notas
1. Entre outros, os aspectos abordados no relatório foram:
– Todos os órgãos importantes da Petrobras estavam sediados em Belém, como o Distrito de Exploração do Norte (DENOR) e Distrito de Perfuração da Amazônia (DPAZ);
– Todas as atividades operacionais, sondas, tubulações e tubos de perfuração, cimento, material de lama, dependiam de Belém;
– O alto comando das plataformas continentais (Amapá, Pará, Maranhão) tinha seu poder de decisão instalado na Base do Tapanã, em Belém;
– Enquanto no campo de Juruá só tinha o setor de avaliação da exploração de poço aberto, que furava, testava a produção de gás, e lacrava o poço para futuro aproveitamento;
– Na bacia da Foz do Amazonas, na plataforma continental, havia a perspectiva de uma província petrolífera, a partir do PAS-11, que estava produzindo mil barris por dia, e aumentar a produção com a instalação de um sistema antecipado de produção similar ao da bacia de Campos;
– Montagem de um sistema antecipado de produção para todos os poços considerados anti-econômicos, nas bacias do continente.
2. Necessidade de cada gota
Com o Brasil cada vez mais dependente do seu petróleo, devido aos altos custos no mercado internacional, tornavam-se necessários que poços considerados produtores anti-econômicos já descobertos pela Petrobras fossem colocados em produção, pois cada gota deste combustível era vital para seu parque industrial.
Assim, a direção da COPAN fez o poço PAS-11 na plataforma do Pará produzir antecipadamente, por processo similar ao usado na Bacia de Campos, durante um ano, começando com 3200 barris/dia até 800 barris/dia e ser fechado com este último número de produção. Dentro dessa lógica de produção, os poços terrestres da Bacia de Barreirinhas, São João, Oeste de Canoas, foram postos a produzir aproveitando-se a infra-estrutura montada pela Exploração naquela região. Um porto chegou a ser construído em Maranhão, o Porto de Caeté, para escoar o petróleo produzido em terra.
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