Carta ao casal vitorioso.
Meu filho me convidou para um jantar em companhia de um casal de amigos.
Corria tudo bem, num ambiente sereno, quando por um motivo qualquer o rapaz começou a chorar. Imediatamente a moça o acompanhou num choro silencioso, amargo e sentido.
Eu não sabia, mas eles acabavam de perder um filho com apenas vinte e dois dias de vida. Conversamos um pouco sobre a perda e o clima voltou aos poucos à normalidade.
Todavia não pude dormir pensando nos fatos.
Para que nascemos? Diz Santo Tomas de Aquino, que nascemos, por obra e vontade de Deus, para amá-lo, servi-lo e reverenciá-lo em retribuição de seu Amor que nos amou primeiro. Ora se é assim, o casal é um casal vitorioso.
Desejaram seu filho, lutaram por ele, permitiram a ele ver a luz, deram-lhe um nome, uma chama, pela qual ele será chamado através de toda a eternidade, batizaram-no, elevando-o a filiação sobrenatural, e ele passou sem pecado, na inocência do amor de seus Pais, no desejo sincero de seus Pais, para ser recebido pelo Próprio Cristo, de braços abertos, que foi quem disse: “ Vinde a mim os pequeninos, que deles é o reino dos Céus”
Na verdade a dor é grande. O luto cruel, mas vocês não perderam o filho, vocês o entregaram na Verdade por uma especial escolha de Deus para o Amor, o serviço e a reverencia de Deus para toda a eternidade. Quantos Pais têm seus filhos debaixo de suas asas por trinta anos, ou quarenta anos para perdê-los de fato, sem fé, sem o amor, sem o serviço de Deus, sem reverência ao Criador? Sem amor ao próximo?
Casal amigo, casal amigo de meu filho, foi um honra jantar com vocês, vocês foram plenamente vitoriosos já no seu “primogênito” cumprindo nele e com ele aquilo que diz a velha tradição cristã: “O filho primogênito deverá ser consagrado a Deus”.
E ele o foi. Salve Pedro.
E vamos à vida, porque todos nós encontraremos a nossa hora. Uns antes, outros depois, alguns bem mais tarde, mas todos enfrentaremos a Verdade.