Memória do legislativo.
Uma seqüência de incêndios ocorridos no passado recente parecem denunciar mais do que apenas coincidências, parecem denunciar intencionalidade. Numa inacreditável coincidência , num curto espaço de tempo e na mesma cidade, queimaram a biblioteca do Instituto Neopitagórico, o Arquivo Publico do Paraná, o DETRAN e a Assembléia Legislativa.
Acidentes ou crimes aqueles lamentáveis incêndios denunciam a importância da memória documental e o perigo de sua perda.
Quando lembramos (porque existem documentos preservados que dão testemunho) que Zacarias de Góes de Vasconcelos, primeiro presidente da Província do Paraná, num dos seus primeiros atos públicos cria em 7 de abril de 1855 o Arquivo Público do Paraná , eles nos dá uma lição de visão política profunda e probidade política.
De fato, não podemos legislar sem uma precisa e ágil memória documental. Recorrer à legislação anterior é ato imprecendivel do legislador, do jurista e do advogado.
A memória documental é dos atos de governo , talvez, o mais importante. O documento original é prova, é fonte, é testemunho fiel. A informatização e o microfilme são formas de agilização de pesquisa mas, por serem facilmente falsificados, não substituem o documento que é a fonte de história. Documentos de interesse públicos originais devem ser guardados como se guarda ouro.
Julgo que todo o investimento, publico ou privado, no setor, denuncia, elogia, confirma o profundo senso publico de quem investe.
Nada melhor fariamos se investissemos na biblioteca e arquivo da Câmara Municipal. Recuperar o Arquivo Publico é imprecendivel. Buscar pelos meios possiveis a recomposição dos documentos perdidos da Assembléia é ato necessário. Omissão nesta missão restauradora é crime contra o passado das instituições e da família paranaense.
Nós não podemos deixar de lembrar aos governadores, prefeitos, vereadores e cidadãos das nossas responsabilidades em comum, preservar a história e a verdade. Preservar a história do povo paranaense nada mais é que preservar a memória do legislativo, do executivo e do judiciário. Mas a história do povo e suas instituições também esta preservada na memória documental das famílias.
Neste sentido, as bibliotécas, por exemplo, poderiam servir de captadoras e duplicadoras destas documentações privadas, tão particularizadas em bairros da cidade. Prestariam assim, estas bibliotecas, um grande serviço, o de ensinar a valorizar os documentos familiares e a construir a obra fundamental...a História.
Wallace Requião de Mello e Silva