Em busca de um norte.
Quando nos perdemos o ideal é termos alguma técnica de orientação que nos determine o norte. Não interessa qual seja a técnica, interessa mais a precisa localização do norte, é isso que nos orienta no espaço telúrico. No espaço sideral a coisa é diferente.
No caso do nosso interesse especifico, temos como norte a existência de Deus e da Alma, as técnicas usadas são apenas instrumentos para retomarmos o norte, a orientação, posto assim nosso interesse é determinar o papel da alma humana diante de Deus, sua saúde diante da finalidade do Fim Ultimo da vida humana, seus desvios, e as respectivas técnicas terapêuticas. Terapia é palavra que deriva do Grego, no sentido de deformações, por isso psicoterapia é correção de deformações psíquicas. No sentido originário de psicoterapia, nos estudamos os desvios de valor, que fazem do individuo um psicopata, um psicótico, um neurótico, um desajustado de si para consigo, de si para com os outros. No sentido cristão ocorre o estudo dos desvios do individuo em relação a Deus. Como já vimos, a vida sendo automação significa sempre que é interioridade, isto é, movimento de dentro para fora. Quanto mais a vida é perfeita, tanto mais é interior. O ser humano tem sobre os outros seres vivos uma interioridade muito mais profunda e complexa, intima decorrentes de sua intelectualidade (in= interno+ tele=comunicação a distância) Seja, comunicação e coerência intra-psíquica. A vida humana é, no mundo visível, a mais perfeita; por isso há de ser a mais interiorizada e a mais rica em reações próprias.
Princípio Vital o Norte.
O que é o principio vital? Ainda que pareça teimosia o piloto em pleno vôo esta freqüentemente procurando e checando o norte, segurança para sua navegação e garantia de destino. Do mesmo modo a existência da alma humana como criatura de Deus, é o nosso Norte, que deve a cada momento ser checado, de modo que não nos afastemos de nosso objetivo.
O Principio Vital é substancial, no sentido aristotélico, e não por uma determinação acidental, portanto substancial que faz dos viventes seres vivos. Esse princípio substancial é chamado principio vital ou anima (em latim) ou alma em português. A existência desse princípio vital se depreende das seguintes proposições:
1) O vivente animal esta profundamente imerso no mundo material: constitui-se de água (60%), substancias orgânica (35, 6%) substancias mineral (4,4 %). Somam-se mais quatro corpos simples oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio que constituem 95% da matéria viva e oito elementos que formam os 4,99 restantes: cálcio, enxofre, fósforo, sódio, potássio, cloro, magnésio e ferro. Fosse a vida acidental, misturaríamos essas proporções, mais 0,01 e teríamos a vida, mas isso não acontece.
2) O que nos leva a inferir, porém, que o vivente emerge acima do mundo meramente químico para algo s que se chama e se manifesta na sua forma substancial, ou o seu principio vital (anima) que dá a animação ordenada, ou faz do ser animado um vivente. Assim todos os elementos estão em continuo fluxo no organismo vivo, O metabolismo faz com que sejam assimilados e eliminados constantemente, de tal modo que alguém já ousou afirmar que materialmente o homem que morre não é o mesmo que nasceu. Periodicamente, o ser humano numa media de sete em sete anos disse aquele autor, o homem vivente não é materialmente mais o mesmo. Todavia, diz Estevão Bettencourt, que o que assegura a unidade e a continuidade do vivente, cuja matéria esta em constante troca, é o seu principio vital, integrador, a Anima. A alma. Esta dá vida e conserva a organização dos elementos materiais.
3) Nos já vimos anteriormente os três tipos fundamentais de principio vital.
Vida Vegetativa; Vida Sensitiva e Vida Intelectiva.
O terceiro tipo, além de ter as propriedades vegetativas e sensitivas, é dotado de conhecimento das essências, das noções universais, abstratas. Paralelamente chegamos às noções de Justiça, Amor, Bondade e Homem, em seqüência.
Por conseguinte distinguem-se os princípios vitais vegetativo, do sensitivo, e do intelectivo, o que nos permite perceber uma alma vegetativa, uma alma sensitiva e uma alma intelectiva. A alma vegetativa e a sensitiva são materiais, pois as funções que elas preenchem e realizam no corpo não ultrapassam os limites da matéria; assim ate mesmo o conhecimento sensitivo do corpo, o conhecimento do concreto do corpo (cinestesia) que se faz mediante os órgãos dos sentidos, é material.
A alma intelectiva, porém é espiritual, pois as suas funções ultrapassam os limites da matéria. Pelo conhecimento intelectual a pessoa, interiormente lê dentro (intelligit, intus legit) isso é, abstrai do concreto, do corpóreo, do material, para formar um conceito imaterial. É pelo agir (verbo) que conhecemos os ser. Onde há agir imaterial, que transcende a matéria, somos logicamente levados a concluir a existência de um principio de agir ou de um ser imaterial, que transcende a matéria ou, ainda, é espiritual.
Se existe uma matriz integradora dos elementos num ser vivo animado, haverá de haver uma matriz que integra e de a forma no ser intelectivo, donde a lógica, a inspiração, e os mecanismos do agir (os valores que inibem ou estimulam o agir propriamente e essencialmente no que lhe é humano, haverá de existir). A expressão exterior desses valores, se alterados faz o theratus (o monstro, a deformação) assim a deformação da lógica faz, produz as alterações do julgamento a despeito de sentidos perfeitos;do tempo a desordem da memória; do corpo no espaço, a deformação espacial; da Moral a desordem do ser enquanto Homem.
Todos concordam, ate o presente momento que o homem tem conhecimento de si mesmo, ou possui a autoconsciência, o homem não somente sente dor, mas sabe que sente dor, e reconhece à lesão, esse fato aumenta a sua dor, pois o sujeito humano percebe que a sua moléstia o impede de reconhecer-se como era (identidade). Possuindo o conhecimento dos objetos e de si mesmo, o homem concebe o plano de ordenar o mundo e a si mesmo, cooperando com Deus, como sua imagem e semelhança, na Lei do Coração.